8 de mar. de 2015

Uma homenagem às Mulheres Economistas

Por Evelyn Nagaoka*

Hoje é o comemorado o Dia Internacional da Mulher, que surgiu quando operárias de uma fábrica de Nova Iorque começaram a luta por melhorias nas condições de trabalho e equiparação com os salários dos homens, em 1857.

Desde então, as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço na sociedade e, como não poderia deixar de ser, no mercado de trabalho. Entre elas estão, atualmente, algumas representantes economistas e, como os economistas que somos ou seremos, é natural que desejemos homenagear essas representantes numa data tão simbólica.


1-Janet Yellen

A primeira delas é Janet Yellen, que no ano passado se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente do FED (Federal Reserve), o banco central americano, em fevereiro de 2014. No mesmo ano, foi considerada pela Forbes como a 2ª mulher mais influente do mundo e, nos próximos anos, fará o papel de uma peça importante ao definir os caminhos que a economia mundial seguirá nos próximos anos. Isso porque, segundo a Forbes, sua lista de tarefas é liderada pela tarefa de restaurar o sonho americano: ela será responsável por reestruturar o programa de estímulos monetários previamente implantados por Ben Bernanke, que aumentaram o desemprego no país e fizeram com que o sonho americano fosse esquecido.

No texto publicado pela Time, Christine Lagarde, que também está em nossa lista, diz que se suspirou e sorriu quando Janet assumiu o posto, pois se sentiria menos sozinha nas reuniões em que normalmente “haviam muito poucas saias”. No mesmo texto, ela diz que têm muito em comum: a preocupação pelo desemprego, a crença de que consenso funciona melhor que confronto, a forte determinação de não enxergar a crise (que começaram a superar) acontecendo novamente, e a convicção de que podem fazer algo em relação a isso.

Ela ainda completa que ficou feliz pela nomeação não somente porque Janet é uma mulher conquistando espaço, mas porque sua conquista foi recebida sem alarde, pois todos concordavam que ela era a melhor escolha para o cargo. O fato de ser uma mulher não foi decisivo, apenas aconteceu.

O texto na íntegra pode ser visto aqui.




2-Christine Lagarde

Christine é a 4ª mulher mais influente do mundo, segundo lista da Forbes de 2014. Apesar de não ter se formado realmente em Economia, é a primeira mulher a assumir o cargo de diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), estando então à frente da organização financeira de 188 países. No cargo, Christine tem pressionado para que os responsáveis pela criação de políticas tomem medidas mais ousadas a fim de investir em infraestrutura e criar empregos.

Antes disso, Lagarde foi integrada ao governo francês em 2005 como Ministra de Comércio Exterior, passando para o cargo de Ministra de Agricultura e Pesca em 2007 e, depois, a primeira mulher a se tornar Ministra de Economia e Finanças de um país do G-7. Em 2008, foi ainda presidente do ECOFIN Council, que contempla todos os Ministros de Economia e Finanças da União Europeia.

Como membro do G-20, Christine se envolveu na administração da crise financeira e, ao presidir o G-20, lançou uma agenda para reformar o sistema monetário internacional.




3-Ngozi Okonjo-Iweala

Ngozi Okonjo-Iweala é a atual Ministra das Finanças da Nigéria, país que agora é a maior economia da África, superando a África do Sul no ano passado.

De acordo com o texto da Time, redigido pelo cantor e filantropista Bono,  Ngozi fez parte da luta pelo cancelamento da dívida da Guerra Fria por parte dos países mais pobres e endividados. No mesmo texto, Bono diz: “...[Ngozi] tem um dos trabalhos mais difíceis do planeta - como garantir que as dezenas de bilhões de dólares ganhos a cada ano em receitas de petróleo entrem em uso produtivo, como na agricultura, na infra-estrutura , na saúde e na educação. Ngozi tornou a corrupção sua inimiga e a estabilidade, seu objetivo. Ela é extremamente inteligente; todo mundo quer trabalhar com ela”.

O texto pode ser conferido aqui.




4-Anat Admati 

Anat ministra aulas na Universidade de Standford e tem escrito sobre a disseminação de informação nos mercados financeiros, mecanismos de negociação, gerenciamento de portfólio, contratação financeira, e, mais recentemente, sobre a governança corporativa. Além disso, já foi nomeada pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo e, segundo a revista Foreign Policy, está entre os 100 pensadores globais em 2014.

Junto com Martin Hellwig, escreveu “The Banker’s New Clothes”, que questiona as divulgações de Wall Street na tentativa de evitar que suas ações fossem questionadas após a crise de 2008.




5-Mônica de Bolle 

Representante brasileira de nossa lista, Mônica é PhD em Economia pela London School of Economics, professora de Macroeconomia na PUC-Rio e diretora no Instituto de Estudos de Políticas Econômicas (IEPE). Além disso, já escreveu diversos livros sobre os desafios das políticas brasileiras e escreve regularmente para os jornais “O Globo” e “O Estado de São Paulo”.

Durante sua carreira, Mônica chefiou a área de Pesquisa Macroeconômica Internacional do BBM, trabalhou no FMI entre 2000 e 2005 e teve envolvimento direto e indireto na resolução de crises como a Argentina e Uruguaia.





Ao longo dos anos, a tendência é que as mulheres conquistem cada vez mais espaço no mercado de trabalho e, consequentemente, no cenário econômico. A torcida é para que, como aconteceu com Janet Yellen, as pessoas não se impressionem mais com as mulheres assumindo cargos de liderança e representatividade - serão notícias naturais e muito bem recebidas.

*Graduanda de Economia na UFF

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