14 de jul. de 2015
Migração do Blogspot para o Wordpress
Recentemente, o NEOC migrou de blog. Nos acompanhe em: www.conjunturaneoc.wordpress.com
22 de jun. de 2015
Uma estimação da diferença salarial aproximada entre homens e mulheres no estado do Rio de Janeiro
Por Matheus Rabelo*
Agora, estimamos uma equação minceriana de
determinação de salários, que é o modelo proposto por Jacob Mincer’s (1974)
para estimar retornos à educação, retornos à qualidade da educação, retornos à
experiência, além de outros atributos,
como sexo. [2]
É de conhecimento geral que houve um aumento significativo
das mulheres no mercado de trabalho nos últimos anos no Brasil. Muitas outras
questões são colocadas a partir desta constatação e uma delas diz respeito à
disparidade salarial entre homens e mulheres. O objetivo deste texto é tentar
responder à pergunta: homens e mulheres realmente ganham salários diferentes no
estado do Rio de Janeiro?
Vamos tentar responder a essa pergunta utilizando microdados
da PNAD contínua – IBGE – referentes ao primeiro trimestre de 2015. Construímos
a base de dados apenas com informações do estado do Rio de Janeiro e
restringimos a amostra para indivíduos entre 15 e 65 anos. Após todos os
ajustes, ficamos com uma amostra que contém 17256 observações.[1]
Testes de Heterocedasticidade
|
P-valor
|
Rejeito H0?
|
White
|
0,000
|
Sim
|
BP
|
0,000
|
Sim
|
A partir dos testes White e BP, onde a hipótese nula é de
que o modelo é homocedástico, isto é, tem variância constante, concluímos que a
um nível de significância de 1% temos evidências de que há heterocedasticidade
e de que devemos estimar um modelo que leve isso em consideração de modo a
evitar problemas de inferência.
Uma forma de corrigir o problema de heterocedasticidade é
estimar um modelo com erros padrão robustos à heterocedasticidade:
As variáveis utilizadas na especificação desse modelo são:
Variável dependente:
· Logaritmo natural do RENDIMENTO MENSAL EFETIVO;
Variáveis explicativas:
- DUMMYSEXO: variável dummy que assume valor 1 quando o indivíduo é do sexo masculino e 0 quando é do sexo feminino;
- ESCOLARIDADE: variável discreta que assume valores de 1 até 7, onde 1 significa sem instrução e 7 ensino superior completo;
- POSICAONAOCUPACAO: variável discreta que assume valores de 1 até 4 em que 1 significa “empregado”, 2 - “empregador”, 3 – “conta própria”, 4 – “trabalhador familiar auxiliar”;
- IDADE: variável que assume valores de 15 a 65, representa a idade do entrevistado;
- IDADEAOQUADRADO: é o quadrado da variável idade;
Com base nos resultados do modelo estimado corrigindo para
heterocedasticidade, podemos concluir que há uma diferença estatisticamente
significativa entre os salários de homens e mulheres – utilizando um nível de
significância de 1%.
A conclusão desse breve estudo, portanto, é de que homens ganham em
média um salário 36,59% superior ao das mulheres no Estado do Rio de Janeiro.
Isso responde a nossa pergunta inicial, mas abre um espaço para outras
discussões. Será que essa diferença se dá em todos os setores de atividade? Em
um mesmo setor, será que ainda há essa discrepância entre homens e mulheres?
Essas são as próximas perguntas que iremos tentar responder.
17 de jun. de 2015
Seminário de Análise Conjuntural - IBRE/FGV dia 15/06
Alguns membros do NEOC - Núcleo Econômico da Opção Consultoria - participaram do Seminário de Análise Conjuntural do IBRE/FGV na última segunda-feira, dia 15/06.
Você pode ter acesso a apresentação utilizada pelos economistas do IBRE no evento no link: http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=402880811DF9ADC4011E222C7F8275BB&contentId=8A7C82C54D34378F014D675BCF874E71
4 de jun. de 2015
Efeitos de uma elevação na taxa básica de juros.
Por Johann Soares*
Na noite de ontem, quarta-feira (03/06), o Copom decidiu por
elevar a meta da taxa básica de juros em 0,5 p.p., alcançando um patamar de 13,75%
ao ano. Tal valor não era observado desde dezembro de 2008 e é o maior desde
agosto de 2006, quando, naquela ocasião, a Selic alcançava a meta de 14,25% ao
ano (como visto no gráfico abaixo). Esta é a sexta elevação seguida introduzida
pelo Copom na taxa básica de juros e representa mais um componente do pacote de
ajustes realizado pela atual equipe econômica do país.
A decisão do Comitê
já vinha sendo prevista, nos dias anteriores, com exatidão pelo mercado. Porém,
no início da reforma econômica, não se esperava um aperto monetário tão
significativo, pois as expectativas eram que a equipe econômica, liderada pelo
Min. Joaquim Levy realizaria os ajustes via política fiscal, contraindo o
orçamento do governo e elevando impostos. Porém, tais medidas “fiscalistas”
vinham sofrendo sérios obstáculos por conta da dificuldade de aprovação do
congresso nacional e de setores da sociedade. Dessa forma, um aperto monetário
mais incisivo se justifica como uma saída para atingir os objetivos econômicos,
complementando o ajuste fiscal.
Fonte: Banco
Central do Brasil.
O aperto monetário
introduzido pela elevação significativa da taxa Selic impacta a economia
brasileira por uma série de canais, tais como as expectativas, crédito, investimentos
(financiamento) e taxa de câmbio, sempre visando uma redução do déficit
orçamentário e uma convergência da inflação para sua meta de 4,5% ao ano
O primeiro desses
impactos é a questão das expectativas. Quando o Banco Central realiza um aperto
monetário fixando uma meta mais elevada para a Selic, os agentes identificam em
tal política o comprometimento da autoridade monetária com as metas definidas
para a inflação e, portanto, reconhecem que a tendência causal de tais medidas
é uma redução futura desta taxa. Tal redução nas expectativas inflacionárias
causam impactos no mercado financeiro e nos contratos de longo prazo, na medida
em que estes são acordados com um reajuste menor (dois exemplos são os alugueis
e os salários).
No gráfico abaixo é
perceptível que as expectativas de inflação para o ano seguinte começam a
reverter após o longo ciclo de aperto monetário, mostrando que, para 2016, os
agentes esperam uma inflação mais contida e estabilizada.[1]
Ainda na questão das
expectativas, temos um efeito paralelo que se traduz na credibilidade da
autoridade monetária. Este fator pode ser explicado pela relação entre as metas
de inflação e as expectativas inflacionárias. A meta de inflação definida pelo
Banco Central é de 4,5% ao ano, com bandas aturáveis de 2 p.p., isto é, o teto
e o piso da meta são 6,5% e 2,5% respectivamente. Um Banco Central possui mais
credibilidade à medida que a expectativa dos agentes acerca da inflação converge
para o centro da meta. Ou seja, os agentes acreditam que a autoridade monetária
cumprirá a meta pré-estabelecida.
Dessa forma, como a
elevação da Selic reflete o comprometimento do Bacen em controlar a inflação,
reduzindo as expectativas dos agentes, estas convergem naturalmente para o
centro da meta dada uma elevação na taxa básica de juros, considerando tudo o
mais constante. A maior credibilidade da autoridade monetária é indispensável para uma política que tenha
como objetivo a estabilidade inflacionária, pois será menos custoso para o
Bacen atingir tal estabilidade. Dado que já existe uma meta predefinida para a
inflação, a alta credibilidade imporá menor esforço de política monetária.
Dessa forma, trazendo
a questão para a recente elevação na taxa Selic, temos que o pressuposto básico
é que a credibilidade baixa provoca uma maior volatilidade na taxa de juros. No
gráfico abaixo podemos ver a relação entre a variação da taxa Selic[2]
e a variação das médias diárias do índice de credibilidade[3]
da política monetária. É evidente, a partir do gráfico, que quando o Bacen tem
menos credibilidade é necessário um maior esforço de política monetária,
explicando assim as seis elevações seguidas na Selic, introduzidas pelo Copom.
Outro canal de
impacto da taxa Selic é o que envolve crédito e condições de investimento. O
impacto de uma elevação da taxa básica de juros no que tange as condições de
crédito é uma maior dificuldade dos consumidores de contraírem crédito, visto
que este se torna mais caro. Dessa forma, a elevação na Selic reduz o incentivo
ao consumo, demonstrando uma inflexão na política econômica brasileira, no
sentido de que deixou de ser um modelo baseado na demanda via consumo. Tal
impacto é eficaz na redução da inflação, pois reduz o montante de demanda
agregada. Outro componente da demanda agregada afetado pelas decisões do Copom
é o investimento que, agora, se depara com condições de financiamento mais
amargas, desestimulando as empresas nas suas decisões de investir. Tal efeito,
assim como no consumo, causa uma redução na taxa de inflação.
Porém, ambos os impactos
na demanda agregada brasileira impõem um custo em termos macroeconômicos, no
que se refere à redução da produção e do crescimento do país. Portanto, as
autoridades monetárias se mostram disciplinadas a ajustar a economia com uma
inflação mais estabilizada e um déficit orçamentário equilibrado, aturando
certo grau recessivo no PIB.
Por último, temos
como efeito da variação na taxa básica de juros um impacto no câmbio brasileiro.
O aperto monetário promovido pelo Bacen reduz o poder da demanda agregada,
impactando negativamente no produto do país (como fora mostrado nos parágrafos
anteriores). Tal redução provoca um efeito na balança comercial no sentido de
diminuição do nível de importação vis à vis as exportações. Dessa maneira, sai
menos dólar do Brasil, causando uma apreciação cambial, o que auxilia no
combate à inflação fazendo as importações ficarem mais baratas. Outra intenção
possível do Bacen acerca do câmbio é a redução do déficit em transações
correntes (que já equivale a 4,5% do PIB) a partir da redução já explicada do
nível de importações.
O aperto monetário
não deve cessar nesta última reunião do Copom, já que se julga que as políticas
executadas até o momento ainda não são suficientes para atingir as metas
estipuladas. Dessa forma, o mercado estima novas elevações na taxa básica de
juros e aguarda a publicação da próxima ata do Copom para ajustar suas
expectativas.
[1]
Tanto a série da Selic quanto a série das expectativas foram obtidas a partir
do site do Banco Central do Brasil.
[2] A
série da Taxa Selic foi obtida no site do Banco Central do Brasil.
[3] O
índice de Credibilidade aqui calculado foi segundo a metodologia formulada pelo
professor Hélder Ferreira de Mendonça.
*Graduando em Economia-UFF,
28 de abr. de 2015
Uma análise aprofundada da relação câmbio-balança comercial
Por Johann Soares
Atualmente o Brasil está presenciando uma
desvalorização de sua moeda, principalmente quando comparada ao dólar
americano. Tal fenômeno representa uma alteração da taxa de câmbio brasileira,
um indicador relevante para a macroeconomia do país. Quando ocorrem movimentos
drásticos na taxa de câmbio de uma nação (assim como o atual), as suas relações
e os termos de troca com o resto do mundo sofrem consequências, causando
impactos, mais especificamente, no Balanço de Pagamentos.
Neste estudo, o foco
será o impacto de uma desvalorização monetária na balança comercial de um país
com o intuito de entender como se dá esta dinâmica e de que forma ela aparece
na macroeconomia brasileira. Dada uma desvalorização do real, é natural pensar
que o saldo da balança comercial irá sofrer uma variação positiva, pois teremos
nossos produtos relativamente mais baratos que os do resto do mundo. Tal
mudança relativa nos preços fará com que a população interna demande menos os
produtos estrangeiros, reduzindo a importação. Por outro lado, as firmas e
agentes estrangeiros se interessarão mais pelos produtos brasileiros, já que
estes apresentaram uma redução relativa de preços, o que eleva o montante de
exportação. A elevação da exportação e redução da importação, em conjunto,
eleva o saldo da balança comercial.
A dinâmica
apresentada parece intuitiva, porém não está detalhada em sua completude e não
explica exatamente o que ocorre efetivamente em tais indicadores. O resultado
de uma elevação no saldo da balança comercial, na verdade, não é estabelecido
no curto prazo, de forma que a dinâmica de ajustamento da balança comercial
sofre outras alterações antes de apresentar este panorama.
Tal problemática
ocorre pelo fato de que preços e quantidade demandada não se ajustam de forma
equivalente a uma alteração cambial. Na dinâmica apresentada acima foram consideradas
as reações a uma desvalorização cambial em termos de quantidade demandada,
porém, não se levou em conta o efeito-substituição da mudança relativa dos
preços. Visto isso, é preciso entender quais são os efeitos de uma
desvalorização da moeda nacional:
(i)
Elevação das exportações, a depreciação torna os
bens brasileiros relativamente menos caros no exterior, causando um aumento na
demanda por produtos do Brasil.
(ii)
Redução das importações, a depreciação torna os
bens estrangeiros relativamente mais caros no Brasil, causando uma diminuição
na demanda por produtos do exterior.
(iii)
Elevação dos preços relativos dos bens
estrangeiros, o que aumenta a conta das importações ou, em outras palavras, a
mesma quantidade de importações agora é mais cara de comprar.
Portanto, há três
efeitos, sendo os dois primeiros em termos de quantidade demandada e o último,
em termos de preços relativos. Os efeitos em termos de quantidade demandada
ampliam o saldo da balança comercial (elevando exportação e reduzindo
importação), porém, o efeito em termos de preço contribui para reduzir este
mesmo saldo (aumentando o valor da importação). Dessa forma, com este último
efeito, pode-se afirmar que, após uma desvalorização da moeda nacional, no
curto prazo, há a deterioração do saldo da balança comercial e só depois este
saldo se ajustará com a atuação dois primeiros efeitos.
Essa dinâmica mais completa ocorre por causa
da diferença entre a reação de ajuste nos preços e nas quantidades demandadas.
Os preços relativos se ajustam imediatamente a uma desvalorização da moeda
nacional, porém a quantidade demandada pelos agentes sofre uma defasagem e
apenas responde a alteração cambial após um determinado período. Tal demora na
reação ocorre por vários fatores, como o fato de os indivíduos demorarem a
entender que os preços relativos mudaram e as firmas levarem um tempo para
mudar seus fornecedores.
Desta maneira, com a
dinâmica mais detalhada, é perceptível que uma depreciação na moeda nacional,
inicialmente, diminua o saldo da balança comercial, mas posteriormente este
saldo se ajuste e aumente em relação ao saldo inicial. Tal dinâmica entre a
taxa de câmbio e a balança comercial foi denominada pelos economistas como
“Curva J”.
No Brasil, ao se
relacionar a variação da taxa de câmbio em relação ao dólar com a variação do
saldo da balança comercial desde o ano de 1993, a defasagem entre tais
alterações fica perceptível, mostrando que a curva J é obedecida em nossa
conjuntura macroeconômica. Tal relação pode ser visualizada de maneira prática
no gráfico abaixo. Quando a taxa de câmbio se eleva (o dólar fica mais caro em
relação ao real, significando uma desvalorização de nossa moeda) o saldo da
balança comercial continua caindo e só depois de um determinado período passa a
se elevar. O contrário ocorre quando a moeda brasileira se valoriza em relação
ao dólar.
7 de abr. de 2015
O superávit decorrente da queda na corrente de comércio
Por Evelyn Nagaoka*
Depois de começar o ano com um déficit de mais de US$3 bilhões, foi divulgado no último dia primeiro pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que o
Brasil registrou em março o primeiro superávit na balança
comercial em 2015, com desempenho de US$458 milhões positivos.
Ao analisar
o
resultado em relação
ao
mesmo período do
ano passado,
observa-se uma queda
no
desempenho nacional
transparecida pelo saldo negativo de US$649 milhões em exportações e pelo saldo também negativo de US$989 milhões
nas
importações. Além
disso, por conta nas quedas de exportações e importações, houve uma
consequente queda na corrente de comércio (representação do
total de transações, ou seja, exportações+importações), resultando numa retração de 17,7% tomando como base a média diária, o que significa que as transações perderam força
em relação
aos anos anteriores. Contudo, o
resultado
do mês passado (US$458 milhões) superou o saldo no mês correspondente nos anos anteriores, que fecharam o período com saldo
de
US$113,8 milhões em 2014 e US$152,20 milhões em 2013.
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