Por Evelyn Nagaoka*
Depois de começar o ano com um déficit de mais de US$3 bilhões, foi divulgado no último dia primeiro pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que o
Brasil registrou em março o primeiro superávit na balança
comercial em 2015, com desempenho de US$458 milhões positivos.
Ao analisar
o
resultado em relação
ao
mesmo período do
ano passado,
observa-se uma queda
no
desempenho nacional
transparecida pelo saldo negativo de US$649 milhões em exportações e pelo saldo também negativo de US$989 milhões
nas
importações. Além
disso, por conta nas quedas de exportações e importações, houve uma
consequente queda na corrente de comércio (representação do
total de transações, ou seja, exportações+importações), resultando numa retração de 17,7% tomando como base a média diária, o que significa que as transações perderam força
em relação
aos anos anteriores. Contudo, o
resultado
do mês passado (US$458 milhões) superou o saldo no mês correspondente nos anos anteriores, que fecharam o período com saldo
de
US$113,8 milhões em 2014 e US$152,20 milhões em 2013.
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Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração própria.
Ao comparar os
resultados com o ano de 2015, por outra perspectiva, os resultados aparentam uma grande melhora, exaltando o fato de que em março foi registrado o primeiro superávit
do
ano.
O Brasil, que iniciou o ano em saldo positivo pela última vez em 2011 (US$397
milhões), começou 2015 com déficit de mais de US$3 bilhões, registrando outro valor
negativo
em fevereiro de
US$2,8 bilhões até
que alcançasse superávit no último mês. Para que o resultado de março fosse possível, as exportações e importações tiveram melhoras significativas. As
exportações apresentaram aumento de quase US$5 bilhões,
enquanto a elevação nas importações foi de US$1,6 bilhões, resultado que acarretou
no
saldo positivo do último mês.
O fato de que o primeiro trimestre do ano apresentou uma pequena melhora
no saldo da balança comercial em relação ao mesmo período nos dois últimos anos tem caráter duplo: por um lado, representa aumento do saldo de US$161 milhões em
2013 para US$458 milhões em 2015; por outro lado, tal melhora não é consequência de um crescimento nas
transações correntes de comércio, mas de exportações e importações menos
expressivas. O que ocorreu, na realidade, foi uma queda de US$2,341 bilhões nas
exportações e uma redução nas importações
no
valor de US$2,638
bilhões em relação a 2013, fato mascarado pela comparação entre os resultados de fevereiro e março desse ano. O ideal seria que, além de
o saldo ter aumentado, fosse consequência de um aumento expressivo das exportações ao invés de ser apenas o resultado de exportações que caíram menos que as importações.
Fonte: IPEA. Elaboração própria.
Com o resultado
do PIB
divulgado no
último dia
27 pelo
IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) de que o crescimento brasileiro foi de apenas
0,1% em 2014 (pior resultado desde 2009), somado ao fato de que o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central exaltou projeções de recessão para 2015, a tendência
é que as importações diminuam no decorrer do ano. Por outro
lado, também há a possibilidade de aumento nas exportações decorrente da desvalorização do câmbio
brasileiro.
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