7 de abr. de 2015

O superávit decorrente da queda na corrente de comércio

Por Evelyn Nagaoka*


Depois de começar o ano com um déficit de mais de US$3 bilhões, foi divulgado no último dia primeiro pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que o Brasil registrou em março o primeiro superávit na balança comercial em 2015, com desempenho de US$458 milhões positivos.

Ao  analisar  o  resultado  em  relação  ao  mesmo  período  dano  passado, observa-se uma queda no desempenho nacional transparecida pelo saldo negativo de US$649 milhões em exportações e pelo saldo também negativo de US$989 milhões nas importações. Além disso, por conta nas quedas de exportões e importações, houve uma consequente queda na corrente de comércio (representão do total de transações, ou seja, exportações+importações), resultando numa retração de 17,7% tomando como base a média diária, o que significa que as transações perderam força em  relação  aos  anos  anteriores.  Contudo,  resultado  do  mês  passado  (US$458 milhões) superou o saldo no mês correspondente nos anos anteriores, que fecharam período com saldo de US$113,8 milhões em 2014 e US$152,20 milhões em 2013.

Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração própria.

Ao comparar os resultados com o ano de 2015, por outra perspectiva, os resultados aparentam uma grande melhora, exaltando o fato de que em março foi registrado o primeiro superávit do ano.

O Brasil, que iniciou o ano em saldo positivo pela última vez em 2011 (US$397 milhões), começou 2015 com déficit de mais de US$3 bilhões, registrando outro valor negativo em fevereiro de US$2,8 bilhões até que alcançasse superávit no último mês. Para que o resultado de março fosse possível, as exportações e importações tiveram melhoras significativas. As exportações apresentaram aumento de quase US$5 bilhões, enquanto a elevação nas importações foi de US$1,6 bilhões, resultado que acarretou no saldo positivo do último mês.

O fato de que o primeiro trimestre do ano apresentou uma pequena melhora
no saldo da balança comercial em relação ao mesmo período nos dois últimos anos tem caráter duplo: por um lado, representa aumento do saldo de US$161 milhões em
2013 para US$458 milhões em 2015; por outro lado, tal melhora não é consequência de um crescimento nas transações correntes de comércio, mas de exportões e importações menos expressivas. O que ocorreu, na realidade, foi uma queda de US$2,341 bilhões nas exportões e uma redução nas importões no valor de US$2,638 bilhões em relação a 2013, fato mascarado pela comparação entre os resultados de fevereiro e março desse ano. O ideal seria que, além de o saldo ter aumentado, fosse consequência de um aumento expressivo das exportações ao invéde ser apenas o resultado de exportações que caíram menos que as importações.



Fonte: IPEA. Elaboração própria.


Com  o  resultado  do  PIB  divulgado  no  último  dia  27  pelo  IBGE  (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) de que o crescimento brasileiro foi de apenas
0,1% em 2014 (pior resultado desde 2009), somado ao fato de que o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central exaltou projeções de recessão para 2015, a tendência é que as importações diminuam no decorredo ano. Por  outro  lado, tambéhá a possibilidade de aumento nas exportações decorrente da desvalorização do câmbio brasileiro.
















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