Por Gabriella Araújo*
O ano de 2014 foi marcado por insatisfações econômicas no Brasil. O crescimento do PIB no acumulado até novembro era de -0,12%, taxa bem inferior aos 2% previstos para o ano pelo Banco Central em março. A inflação acumulada em 12 meses chegou a ultrapassar o teto da meta de 6,5% e terminou o ano em apenas 0,09% abaixo do teto. Houve até um abandono da meta de superávit primário diante da impossibilidade do governo conter os gastos conforme havia planejado. Diante desses e outros dados econômicos indesejáveis, a expressão tão usada nas mídias - “colocar ordem na casa” – se faz necessária no ano vigente. O Banco Central, recentemente, divulgou a primeira programação monetária de 2015. Dados econômicos sobre o ocorrido em 2014 e as perspectivas para o primeiro trimestre e para o ano se encontram na programação.
O ano de 2014 foi marcado por insatisfações econômicas no Brasil. O crescimento do PIB no acumulado até novembro era de -0,12%, taxa bem inferior aos 2% previstos para o ano pelo Banco Central em março. A inflação acumulada em 12 meses chegou a ultrapassar o teto da meta de 6,5% e terminou o ano em apenas 0,09% abaixo do teto. Houve até um abandono da meta de superávit primário diante da impossibilidade do governo conter os gastos conforme havia planejado. Diante desses e outros dados econômicos indesejáveis, a expressão tão usada nas mídias - “colocar ordem na casa” – se faz necessária no ano vigente. O Banco Central, recentemente, divulgou a primeira programação monetária de 2015. Dados econômicos sobre o ocorrido em 2014 e as perspectivas para o primeiro trimestre e para o ano se encontram na programação.
Nos dados apresentados, o Banco Central faz referências ao
terceiro trimestre de 2014, visto que, esse é o período mais recente com todas
as informações consolidadas. Nos dez primeiros meses do ano, o déficit em
transações correntes aumentou em 4,5% com relação ao mesmo período em 2013, provocado
tanto pela superioridade das importações sobre as exportações quanto pelo aumento
de remessas de lucros de empresas instaladas no Brasil para suas matrizes no
exterior. Para sanar um déficit nas transações correntes é necessário haver
financiamento através de investimentos estrangeiros; no período citado, as condições de
financiamento permaneceram confortáveis, pois a taxa de rolagem esteve num
patamar de 151%, fazendo com que o rendimento de quem adquiriu os títulos da
dívida externa aumentasse. Esse patamar implicou em uma captação líquida
positiva e os ingressos líquidos em títulos de renda fixa e ações superaram o
atingido em 2013. Para 2015, alguns fatores como o maior crescimento global, a
depreciação do Real e ampliação da produção interna de petróleo são citados
como colaboradores para a balança comercial; o investimento estrangeiro tende a
continuar sendo o principal financiador do déficit em conta corrente.
Com relação à atividade econômica no trimestre terminado em
outubro, houve uma recuperação moderada e o PIB cresceu 0,1%, com relação ao
segundo trimestre, após dois recuos consecutivos. Tal resultado foi fruto de um
desempenho positivo na indústria (1,7%) e em serviços (0,5%), além de, no
âmbito da demanda doméstica, uma recuperação nos investimentos. O quarto
trimestre sofreu influências da produção industrial e das vendas varejistas,
mas o dado sobre o PIB, neste período, ainda não foi divulgado. Sobre esse tema
a única previsão citada para 2015 é
sobre um positivo desempenho na safra agrícola. A partir desse ambiente da atividade
econômica, as operações de créditos nos sistemas financeiros continuaram
em expansão moderada com taxas
semelhantes nas carteiras de pessoas físicas e jurídicas. Há um destaque para as
taxas de juros médias e os spreads, que recuaram no trimestre, período em que
foi registado o menor nível de inadimplência do sistema financeiro desde de
início da série em 2011. Assim, a moderação do crescimento econômico e a adoção
de medidas de incentivo à atividade de setores específicos tiveram impactos
significativos sobre a arrecadação em 2014. Esse fato, associado ao crescimento
de algumas despesas acima do projetado foram determinantes para que o setor
público consolidado registrasse deficit primário de R$11,6 bilhões nos dez
primeiros meses de 2014.
A partir dos dados apresentados, é possivel ter uma visão
geral sobre o ocorrido no final do ano passado e algumas previsões para este
ano que serão usadas na programação das metas indicativas da evolução dos agregados
monetários para o primeiro trimestre e para o ano de 2015. Antes de expor os
dados sobre agregados monetários é interessante ressaltar, que eles continuam
sendo instrumentos importantes para o efeito de política monetária, mesmo em
economias que privelegiam o controle da taxa de juros, visto que, são
indicadores de liquidez e de captação interna de recurso por parte do sistema
monetário para a multiplicação do crédito no país. A variação dos meios de
pagamentos - que é composto pelo papael moeda em poder do público mais os
depósitos à vista - em doze meses da média dos saldos diários foi estimada em
3,9% para dezembro de
2015. A partir dessa previsão e considerando-se a atual alíquota de
recolhimentos compulsórios sobre recursos à vista, a projeção do saldo médio da
base monetária para esse ano é de uma elevação de 5,7% em doze meses. Já para a
base monetária ampliada, que difere da anterior por englobar os principais
passivos do Banco Central e do Tesouro Nacional (compulsórios e títulos
federais), a projeção é 11,8%. Com relação ao M4 que é o meio de pagamento mais
amplo, isto é, compreende todos os meios de pagamentos brasileiros, o esperado
é de 12,1% em dezembro de 2015. A relação entre M4 e PIB não deverá apresentar
expansão significativa no último trimestre do ano vigente.
No final da divulgação feita pelo Banco Central há um resumo
com dados relativos à M1 (meios de pagamentos), base monetária restrita e
ampliada e M4, tanto do ocorrido em 2014 (de julho à novembro), quanto para as
projeções do primeiro trimestre e para o ano de 2015. Nele podemos observar, que
para o ano de 2015 as metas de todos os dados foram reduzidas com relação ao
ocorrido nos últimos meses do ano passado, entretanto, essa redução é normal
como podemos ver nos gráficos abaixo, pois é compatível com a realidade de grandes
aumentos no final do ano. A partir dos dados das programações públicadas[1]
é possivel perceber – que quando ãs taxas do mesmo período desde 2011 são
comparadas – nota-se uma redução
nas taxas acumuladas dos meios de pagamentos (M1) e a previsão para 2015 é
reduzir ainda mais. Com relação a base monetária restrita, podemos ver que esta
também sofreu grandes reduções desse de 2011, entranto para 2015 há previsão de
um aumento, que poderá ocorrer a partir de um aumento nos encaixes dos bancos
comerciais. Já a programação para a base monetária ampliada e M4 conta com
taxas maiores, tal fato pode ser explicado pela alta liquidez de alguns
componentes dos agregados monetários frente a realidade de alta da taxa Selic e
na Inflação – pelo motivo de alguns títulos públicos federais serem indexados à
essas taxas - esse fato é representado
no gráfico de M4 no qual a inclinação se acentuou em 2014.
Fonte: BCB. Elaboração própria |
*Graduanda em Economia-UFF
[1] Os
dados podem ser encontrados em http://www.bcb.gov.br/htms/infecon/progmon.asp?Idioma=p
Um comentário:
Excelente texto e análise muito bem feita! Parabéns!
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